sábado, 23 de agosto de 2014

Ex-diretor da Petrobras negocia delação premiada e ameaça implodir a estatal

Preso desde junho, ex-diretor da Petrobras negocia a delação premiada com o Ministério Público e a Polícia Federal. Ele é acusado de ter superfaturado contratos da refinaria e receber suborno. Também responde por ocultação de provas

Publicação: 23/08/2014 07:04 Atualização:


Costa, em depoimento à CPI do Senado: ligações com congressistas (Geraldo Magela/Agência Senado - 10/6/14)
Costa, em depoimento à CPI do Senado: ligações com congressistas


Encurralado por nova fase da Operação Lava-Jato, que ontem cumpriu 11 mandados de busca e apreensão em empresas ligadas a ele, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa negocia delação premiada com o Ministério Público Federal e a Polícia Federal. A expectativa dos investigadores é que o engenheiro revele mais do que disse na CPI da Petrobras no Senado em junho, quando basicamente negou envolvimento com a organização criminosa. Já congressistas temem que o depoimento de Costa cause estragos pela possibilidade de revelar ramificações políticas em ações dele na Petrobras.

Preso desde 11 de junho, Paulo Roberto Costa deu ontem o primeiro passo para a delação premiada — recurso pelo qual o réu fornece informações para a Justiça em troca de uma pena menor. Ele trocou de advogado. Agora é Beatriz Catta Preta, especialista em delação premiada, que o defende. Ela esteve ontem em Curitiba, onde Costa está preso. Em entrevista a um portal da internet, Beatriz disse que as tratativas com o MP e a PF ainda não começaram e que ainda está “tomando pé do processo”. Para conseguir o acordo, o réu precisa convencer os investigadores de que tem informações importantes para colaborar com a apuração do suposto crime. A delação premiada necessita de autorização da Justiça.

Costa é acusado de participar de esquema de lavagem de dinheiro, junto ao doleiro Alberto Youssef. Foi preso pela primeira vez em 20 de março, três dias depois de a Lava-Jato ser deflagrada. Depois de 59 dias, deixou a prisão por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Em 11 de junho, voltou a ser preso depois de autoridades da Suíça informarem à Justiça brasileira que ele tem contas com US$ 23 milhões no país. Ele é acusado de ter superfaturado contratos da refinaria e receber suborno. Também responde por ocultação de provas.

O engenheiro foi diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras entre 2004 e 2012. Ele chegou à diretoria da empresa pela mãos do ex-líder do PP na Câmara e ex-réu do mensalão petista José Janene (PR), morto em 2010 por complicações decorrentes de problemas cardíacos. Em 2006, quando o PP começou a perder diversos cargos no Executivo Federal e o PT pressionava para que a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT) assumisse o Ministério das Cidades, Paulo Roberto bateu às portas do Senado e pediu acolhida ao PMDB.
fonte:correiobraziliense.com.br

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Cursos públicos de Portos e de Comércio Exterior começam no Porto de Paranaguá





Alberto-Gomes-da-Veiga-appa2014Alunos dos cursos técnicos de Portos e Comércio Exterior do Colégio Estadual Alberto Gomes da Veiga tiveram, na quarta-feira (20) a primeira aula na sede da Administração dos Portos de Paranaguá a Antonina (Appa).
Mais de 80 estudantes participaram da aula magna. Eles foram recebidos pelo diretor comercial da Appa, Lourenço Fregonese. O diretor explicou a recente mudança da Appa de autarquia pea empresa pública que, segundo ele, “trará renovação e modernização”. “Brevemente haverá concurso público e vocês poderão ser os próximos a nos sucederem”, disse. Fregonezi também destacou que com a nova Lei dos Portos, sancionada pela presidente Dilma Rousseff, todo o setor portuário vai necessitar de pessoas capacitadas: “E vocês estão se preparando para isso”, completou.
Na continuidade da aula magana, Leandro Klaus, chefe do departamento empresarial da Appa, ministrou uma palestra onde apresentou a história, a infraestrutura atual e as operações dos Portos de Paranaguá e Antonina.
Alberto-Gomes-da-Veiga-appa2014bO coordenador dos cursos, professor Welington Frandji, afirmou que faz questão de trazer os alunos para a aula especial na Appa. “Esta parceria favorece a identificação do aluno com a área portuária, bem como garante a prática educacional, eleva a maturidade profissional e o contato direto com profissionais do ramo”, disse o professor.
Para o aluno Dejair Eccel, como resultado da aula magna, os estudantes ficaram mais entusiasmados. “É de extrema importância que oportunidades práticas como estas sejam realizadas num curso técnico, garantindo novos conhecimentos que vão além da sala de aula”, afirmou.
Fonte: Correio do Litoral

Portuários em Santos se reúnem para decidir sobre paralisação de navios vindos da Africa

Apesar de a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) expor à imprensa que está ampliando a fiscalização de navios procedentes de regiões da África, onde há casos de ebola, os trabalhadores portuários no porto de Santos continuam sem informação sobre a origem dos navios, segundo o Sindaport (Sindicato dos Empregados na Administração Portuária). Os sindicatos que representam os trabalhadores portuários se reúnem nesta sexta (22), para decidir se vão ou não continuar operando embarcações vindas da África.


“Quando fomos à imprensa mostrar nossa preocupação com o surto da doença e a falta de informação e cuidados no porto de Santos, autoridades logo vieram a público falar que não havia risco. Logo depois, a Secretaria Especial de Portos divulgou que faria um plano especial e agora a Anvisa afirma que está ampliando a fiscalização. Porém, os portuários que atuam diretamente nas operações portuárias continuam sem informação e só têm conhecimento que os navios vieram da África quando já estão atracados”, enfatiza o presidente do Sindaport, Everandy Cirino dos Santos.

O sindicalista ressalta que logo após o ministro da Saúde, Arthur Chioro, expor à imprensa que não havia risco de contaminação, o assessor especial da pasta, Fausto Figueira, esteve no sindicato. “O Fausto marcou uma reunião comigo e apresentou a recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde) sobre o surto de ebola em parte da África. Ele também expôs as recomendações que devem ser tomadas aqui. Porém, na prática, os trabalhadores portuários continuam desinformados. Nenhuma orientação foi dada diretamente aos portuários, somente por meio da imprensa.”

De acordo com informações publicadas pela imprensa, na semana passada um navio vindo da Nigéria foi liberado para atracação apenas 17 horas após a sua chegada ao cais santista. Outros dois navios, também vindos da Nigéria, também já foram liberados para atracação.

Ao todo, 2,24 mil pessoas já foram contaminadas em quatro países da Africa e mais de 1,3 mil pessoas morreram.

O líder do Sindaport enfatiza que diante da falta de informação aos portuários, a reunião desta sexta-feira com representantes de todas as categorias vai deliberar sobre a paralisação das atividades nos navios oriundos da África. “Se a informação só chega para a imprensa, vamos cruzar os braços para que as autoridades portuárias reconheçam nossa importância e nossa preocupação com a doença”.


Fonte Portos e Navios

GUARDAS PORTUÁRIOS APROVADOS EM CONCURSO NO PARÁ FAZEM PROTESTO

A Associação dos Concursados do Pará (Asconpa) realizou na manhã da última quinta-feira (21), uma passeata de protesto para denunciar a demora nas nomeações de cerca de três mil aprovados em concursos públicos promovidos por diversos órgãos das administrações públicas federal, estadual e municipais.
A passeata teve início em frente à Companhia Docas do Pará (CDP), na Avenida Presidente Vargas, centro de Belém, seguindo até o Ministério Público do Estado, na Avenida 16 de novembro. No local, os concursados protocolaram um pedido de investigação contra o Governo do Estado do Pará, a Prefeitura de Belém e a Companhia Docas do Pará (CDP), em virtude da demora nas nomeações, e denunciaram contratações irregulares de servidores temporários e comissionados.
A realização do ato foi decidida durante assembleia geral promovida pela Associação dos Concursados do Pará (Asconpa), no último sábado (16).
Os candidatos aprovados em cargos administrativos e da Guarda Portuária no concurso da CDP também tentaram marcar uma reunião com o dirigente da instituição, Ernesto Sanchez Ruiz, mas não foram atendidos pelo gestor.
O presidente da CDP teria proposto que os manifestantes se reunissem com um diretor financeiro do órgão, mas eles recusaram a proposta.
A Associação denuncia a demora na nomeação de aproximadamente três mil aprovados em concursos públicos de instituições da administração federal, estadual e municipal. Eles também denunciam contratações irregulares de servidores temporários e terceirizados

A manifestação reuniu aprovados em concursos públicos promovidos pela: Sespa, Seduc, Seas, Semma, Semec, Sesan Secon, Ipamb, Funbosque, Funpapa, Semob, CDP, câmaras municipais de Belém e Ananindeua, prefeituras de Salinópolis, Castanhal e Vigia.
fonte:segurancaportuariaemfoco.com.br

INDICATIVO DE GREVE : RICHA DEVERÁ ENFRENTAR PARALISAÇÃO NA COHAPAR

Os funcionários da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), empresa de economia mista que atua na execução dos programas habitacionais do governo do Estado, aprovaram nesta quarta-feira (20), indicativo de greve. Eles alegam que estão há dois anos sem negociação salarial e que as perdas chegam a 30%.
Os funcionários da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), empresa de economia mista que atua na execução dos programas habitacionais do governo do Estado, aprovaram nesta quarta-feira (20), indicativo de greve. Eles alegam que estão há dois anos sem negociação salarial e que as perdas chegam a 30%.
O governador Beto Richa (PSDB), em campanha pela reeleição, deverá enfrentar greve dos funcionários da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) no começo do mês de setembro.
Há dois anos sem negociação salarial, os empregados da companhia em Curitiba aprovaram por ampla maioria, nesta quarta-feira (20), indicativo de greve da categoria. A decisão foi tomada em assembleia dos funcionários, realizada em frente a sede da empresa.
As perdas acumuladas pelos funcionários, devido aos anos em que não houve acordo de trabalho firmado entre os sindicatos e a empresa, chegam a 30% dos benefícios, como no vale-alimentação. Neste ano, retomada as negociações das entidades com a Cohapar, vem insistindo numa proposta que não contempla os prejuízos de seus funcionários.
Outra medida da Cohapar na atual negociação é a vinculação da aprovação das propostas à desistência de ações judiciais movidas pelos sindicatos pelo cumprimento dos reajustes previstos nas convenções do setor durante os anos em que não houve negociação de acordo.
Segundo o diretor-secretário do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR), Leandro Grassmann, a negociação salarial da Cohapar é reflexo de uma política de repressão e não reconhecimento da valorização do seu quadro funcional.
“Além de acumularem perdas históricas no salário e nos benefícios, os empregados da Cohapar tiveram, de forma opressora por parte da empresa, o dia de pagamento de seus salários alterados, o que causa um transtorno a todos os funcionários. A insatisfação dos empregados com o desrespeito da empresa, não apenas nas questões salariais mas na falta de qualidade das relações de trabalho, está muito bem representada na aprovação do indicativo de greve”, afirma o diretor do Senge-PR, uma das entidades sindicais que representam os funcionários da empresa de habitação.
A definição da data de paralisação dos empregados será votada em assembleia da categoria a ser realizada até o dia 1.º de setembro. O Senge-PR, e os demais sindicatos realizarão na próxima semana, assembleias nas regionais da empresa para votação do indicativo de greve.
FONTE: esmaelmorais.com.br

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Frente em defesa dos terceirizados cobra audiência no Supremo e CUT levará luta para campanhas salariais












Encontro com STF é prioridade em pauta que entidades apresentaram ao final de seminário
Escrito por: Luiz Carvalho
Para a economista Patricia Pelatieri, STF tem obrigação de ouvir centrais por uma questão de legitimidade e democracia (Fotos: Edgar Marra) Após dois dias de intensos diálogos entre sindicalistas, magistrados e acadêmicos, o Fórum Nacional em Defesa dos Direitos dos Trabalhadores Terceirizados encerrou o seminário que promoveu em Brasília nessa sexta-feira (15) com um plano de lutas e a defesa de uma audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF).
O Fórum cobra que a maior corte do país avalie as pesquisas e reflexões que comprovam como a terceirização precariza, adoece e mata os trabalhadores, jogando contra os índices de competitividade e produtividade, conforme destaca o documento final do encontro.
A preocupação direcionada ao STF se deve ao fato de a instância estar prestes a decidir sobre repercussão geral referente a ação movida pela empresa Celulose Nipo Brasileira. A companhia foi condenada pela Justiça do Trabalho por terceirizar a atividade-fim, algo proibido no país. A definição do Supremo passará a referendar os demais julgamentos sobre o tema.
O Fórum também cobrará da presidenta Dilma Rousseff a aprovação da proposta consensuada entre as centrais e que se transformou no Projeto de Lei 1621/2007, do deputado federal Vicentinho (PT-SP), atualmente parado na Casa Civil.
O texto é baseado em cinco premissas: proibição da terceirização na atividade-fim, da intermediação da mão de obra e da subcontratação, além da responsabilidade solidária por parte da tomadora de serviços e da garantia de informação para os sindicatos em caso de terceirização
Central em ação
Secretária de Relações do Trabalho da CUT, Maria das Graças Costa, destacou que a Central tem atuado na frente jurídica, preparando-se para intervir no STF, e na segunda política, como quando entregou a Plataforma da Classe Trabalhadora à candidata à presidência, Dilma Rousseff, no dia 31 de julho. De acordo com a dirigente, a Central aproveitará o período eleitoral e de negociação com os patrões para levar a discussão às bases.
“Devemos retornar aos nossos estados e às nossas cidades para colocar no canto da parede nossos candidatos e fazer com que se comprometam com essas propostas que defendemos aqui. Implementar essas ações deve ser nossa prioridade absoluta e a CUT também dialogará com as categorias em campanha salarial para que levem essas lutas às bases por meio das campanhas salariais”, defendeu.
Ao também citar o PL defendido por Vicentinho, a economista do Dieese, Patrícia Pelatieri apontou que as centrais têm proposta e cobrou que sejam ouvidas pelo Supremo.
“No último registro do Ministério do Trabalho, as centrais representavam 33 milhões de trabalhadores. Não é possível numa democracia representantes de tantas pessoas serem desconsiderados num debate tão importante. Tudo leva a crer que teremos de negociar, denunciar e mobilizar ainda mais”, defendeu.
Patrícia desmentiu ainda a alegação de muitos empresários segundo a qual as condições dos terceirizados é pior porque estão em empresas menores e possuem menor escolaridade. Segundo ela, Mais de 50% atuam em companhias com mais de 100 empregados e 50,15% possuem ao menos o ensino médio completo.
Radiografia da precarização
Filgueiras apontou números que mostram a relação entre terceirização e trabalho escravo
Nas mesas desse segundo dia dirigentes sindicais, peritos e magistrados relataram e trouxeram dados para mostrar como a terceirização é sinônimo de retirada de direitos.
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Pesquisador e auditor fiscal do trabalho, Vitor Filgueiras destacou dois pontos: o trabalho escravo e as mortes e acidentes.
Em relação ao primeiro ponto, nos quatro últimos anos, 90% dos 10 maiores resgates de trabalhadores submetidos a condições análogas às de escravos eram terceirizados.
Ele vai além. Para fugir da tentativa do setor patronal alegar que a pesquisa abrange apenas a “má” terceirização, Filgueiras avalia o resgate entre os formalizados, com carteira assinada. Nessa situação, os oito maiores casos com totalidade de trabalhadores formais tinha todos terceirizados em seus quadros.
O paralelo com os acidentes de trabalho é semelhante. No setor da construção, campeão em acidentes fatais, observa-se que na área de construção de edifícios, onde o percentual de mortos é duas vezes superior à média do mercado de trabalho 135 trabalhadores foram mortos em 2013, 75 deles terceirizados. Em obras de acabamento, com 2.32 vezes mais incidência de fatalidades, foram 20 trabalhadores mortos, sendo 18 terceirizados. E em obras de terraplanagem, que alcança patamar de 3,3 vezes mais chances de acidentes fatais em relação à média do mercado, das 19 mortes, 18 ocorreram entre terceirizados.
Bancários e petroleiros – Dirigentes do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro), Anselmo Ruoso, e da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Miguel Pereira, constataram que a terceirização exerce um papel de epidemia em ambos os setores.
No sistema Petrobras, a proporção é de 360 mil terceirizados para 86 mil contratados diretos, admitidos, segundo, Ruoso, em 98% dos casos, com base em licitações que consideram apenas o menor preço. Trabalhadores, inclusive de setores estratégicos, como a manutenção.
Em outros casos, relata, funcionários do setor administrativo tiveram de pedir demissão da terceirizada anterior para que pudessem ingressar na prestadora de serviço que iria substituí-la na Petrobras, sob pena de perder o emprego.
No setor financeiro a situação não é diferente. Sindicatos de bancários são réus em casos de interditos proibitórios por lutarem em defesa de bancários terceirizados, sob alegação da empresa que não poderiam atuar pela categoria. E, nesse momento, sobrou uma critica aos magistrados. “Se estamos entre representantes do Judiciário, é importante que discutamos isso para apararmos nossas arestas”, apontou.
Além dos teleoperadores, que realizam o trabalho de bancários sem receberem os mesmos benefícios, há ainda os correspondentes bancários, mini agências montadas em estabelecimentos comerciais como padarias e mercados. Elas passaram de 36 mil, em 2003, para atuais 405 mil unidades.
Com essa terceirização do atendimento, cada vez mais os bancários são pressionados a atuarem como vendedores de produtos e a baterem metas muitas vezes inatingíveis. Fatores que aumentam o número de doenças psíquicas, relata Pereira. “No último ano, mais de 1.600 trabalhadores foram afastados do trabalho e agora a doença não é mais LER (lesão por esforço repetitivo), mas psicológica por conta da pressão”, explica.
A situação fica ainda mais dramática se considerar que há participação essencial do Estado no processo, já que é o Banco Central quem emite resoluções sobre o funcionamento do sistema financeiro.
Miguel Pereira, da Contraf, traçou um panorama do setor financeiro, no qual a terceirização também ocupa postos de trabalho para diminuir direitos
Falta de identidade

De acordo com pesquisa do Dieese de 2011, os terceirizados realizam uma jornada de trabalho semanal com três a horas a mais em relação aos contratados diretos e enfrentam uma rotatividade também superior (ficam 2,6 anos no mesmo emprego contra 5.8 anos dos contratados diretos).
Para a professora Adjunta de Direito do Trabalho na Universidade de Brasília, Gabriela Delgado, essa discriminação gera uma ausência de identidade do terceirizado. “Quem é esse trabalhador? É um metalúrgicos? Um professor? Um químico? Não, é um terceirizado, que não consegue se identificar com uma categoria”, explica.
Para o procurador do Trabalho, Cristiano Paixão, o foco deixa de ser a ascensão profissional e parte para a estabilidade do emprego. “A pergunta é se vai ter o trabalho na próxima semana, se vai receber as verbas rescisórias, se o patrão vai desaparecer. Ou se acontecerá, como vi aqui no DF, de a empresa mandá-lo para casa esperar novo contrato induzindo a pedir demissão.”
A professora Maria da Graça Druck também abordou a questão da identidade e defendeu que o momento é de dar voz a uma categoria historicamente negligenciada. “Perguntamos se gostaria de ser terceirizados e disseram que não, porque sabem que isso é sinônimo de sofrimento, perda de direitos.”
Ciclo de lucro
Ao tratar do adoecimento, a professora Margarida Barreto defendeu que o capitalismo faz a alienação do real com uma capacidade fantástica. Vende por exemplo, a ideia do trabalhador ideal como o mais competitivo, aquele sempre à disposição e apaixonado pelo trabalho. Porém, o que está por trás desse discurso do colaborador, ressalta, é alguém capturado pelo medo, pelos acidentes e pelo sofrimento psíquico.
“O fenômeno das doenças do trabalho não é mais o absenteísmo, mas sim o presenteísmo. As pessoas trabalham com atestado no bolso porque têm medo de perder o emprego”, diz.
Nesse mecanismo, analisa o professor Ricado Antunes, a informalidade deixa de ser exceção para virar regra e a precrarização torna-se a principal consequência desse capitalismo dito flexível.
“A terceirização se torna o principal instrumento de lucro do capitalismo. Primeiro para quem terceiriza e, segundo, para quem contrata os escravos”, critica.
Procurador do Trabalho, Helder Amorim, aborda o lado social da empresa, que deixa de existir com a terceirização total. A “empresa vazia”, termo que emprega, se esquiva da contratação de deficientes porque não atinge o número de trabalhadores exigido. Se esquiva da contratação de jovens aprendizes pela mesma razão. E diminuir o patamar de remuneração dos funcionários, consequentemente, da contribuição social e do financiamento da Previdência. “É uma empresa sem sentido”, define.
Para o ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Luiz Philipe Filho, um país baseado na dignidade e no respeito aos direitos humanos não pode abrir mão de impor regras a relações trabalhistas e, portanto, não pode entender a terceirização na atividade-fim como algo comum. “Não acreditamos que se possa construir um país a partir do rebaixamento profissional do ser humano”, definiu.
fonte:fnportuarios.org.br

terça-feira, 19 de agosto de 2014

SUPRESSÃO DE POSTOS DA GUARDA PORTUÁRIA COMPROMETE A CERTIFICAÇÃO DOS PORTOS NO PARÁ

Na última segunda-feira (11), em decorrência do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) de 2013/14, assinado pelos sindicatos e pela Companhia Docas do Pará (CDP), teve início um novo turno de revezamento para todos os empregados que atuam na área operacional.
Na Guarda Portuária, com o novo horário, os guardas portuários não estão mais cumprindo regime extraordinário, alegando a CDP que é para evitar onerar os cofres da Companhia, preferindo deixar desta forma, muitos postos desguarnecidos.
Segundo foi apurado pelo Portal Segurança Portuária Em Foco, o supervisor de recursos humanos já se pronunciou em outras épocas que o RH não se opõe à convocação de guardas para serviço extra, desde que justificadas pelos gestores do setor da Guarda e desde que 50% das folgas sejam preservadas e as convocações sejam aceitas pelo empregados.
Segundo alguns guardas ouvidos, o Supervisor de Segurança do porto de Belém, Alan Silva, teria dito que a supressão de postos seria ordem do Diretor Financeiro Olívio Gomes, pois seria preferível alguns postos de serviço dos portos de Belém, Miramar e Outeiro ficarem descobertos ao invés de convocar guardas para cumprirem regime extraordinário, para não onerar as finanças da empresa. Porém, procurado o referido diretor por alguns guardas, este apenas afirmou que a CDP suprimiu postos terceirizados como forma de conter gastos para garantir a chamada dos guardas concursados de 2012, inclusive desconhecendo que postos da Guarda Portuária estejam ficando descobertos, aliás, medida com o qual não concorda.
Alguns guardas ainda têm procurado o SEGPEMFOCO para dizer que estão sendo obrigados a trabalhar na intrajornada, em desrespeito ao direito do trabalhador de ter a sua hora de almoço e descanso, principalmente aqueles que são escalados no Porto de Outeiro, quando a própria CDP sempre fez questão que os seus empregados não trabalhassem na intrajornada.
Atualmente, neste porto, as escalas diárias têm vindo com muita freqüência apenas com um guarda escalado na portaria (50% do efetivo), não existido mais rondas periódicas, pois, também, foi suprimido o posto da VTR fixa nesta unidade.
Privilégios
Diferente do que vinha acontecendo anteriormente, as folgas nas escalas diárias dos guardas que estão no horário novo não estão sendo informadas, acredita-se, para que não se saiba a disponibilidade do quantitativo e o nome dos guardas que estão de folga e disponíveis para cumprirem regime extraordinário, em detrimento ao risco quanto à segurança, principalmente, dos portões de acesso e das rondas periódicas necessárias.
Isto ocorre principalmente nos portos de Belém e Outeiro, em que postos foram reduzidos, no entanto, extras são liberados para os guardas atuarem como uma espécie de secretários da Supervisão de Segurança do Porto de Belém, já que as secretárias e recepcionistas foram deslocadas para o Monitoramento.
Certificação em Risco
Segundo alguns guardas portuários mais antigos ouvidos, a supressão de postos de trabalho e a diminuição de guardas em cada posto é um processo que vem se arrastando há anos, num verdadeiro processo de sucateamento gradativo da Guarda Portuária, contrariando os Planos de Segurança dos Portos e colocando em risco as suas certificações. Isso tudo fica comprovado, principalmente, no porto de Belém, cujos litorais e pátio de contêineres, mesmo com navios operando, ficam totalmente desguarnecidos.
Os guardas portuários também denunciam que outra medida arriscada que vem sendo tomada pelo Supervisor de Segurança Portuária de Belém (SSPBEL) é preencher todos os postos existentes hoje nas escalas diárias, porém, o mesmo guarda portuário aparece em mais de um posto nessa escala. Isso ocorre nos três portos da região metropolitana de Belém, já que as escalas apresentam um mesmo guarda escalado no cadastro e numa portaria de acesso de veículos ou pedestres, portanto, descobrindo totalmente essas portarias quando o guarda se desloca para o cadastro.
Sindicatos
Em uma assembléia do Sindicato da Guarda Portuária (Sindiguapor), ocorrida na última quinta-feira (14) o SSP do Porto de Belém e Gerente de Segurança (Gerseg) em exercício, Alan Silva, afirmou que vai deixar os píeres do Terminar Petroquímico de Miramar descobertos e não vai convocar guardas para cumprirem regime extraordinário, mesmo sabendo que os píeres são portas de entradas dos tripulantes e, como rezam os planos de segurança, o controle de acesso e impedimentos às embarcações, quando necessários, ficam ao encargo dos guardas portuários; sem contar os riscos de sinistros, como o ocorrido recentemente em Miramar que, não fosse a intervenção do guarda portuário de plantão no píer II, um incêndio de grandes proporções poderia ter acontecido.
Essa afirmação do SSP Alan causou a maior revolta na categoria, fazendo com que os associados presentes informassem a este Supervisor que a Cesportos e Conportos serão notificadas pela categoria sobre a supressão de postos após a implantação do novo horário e que, durante as visitas de certificação tudo, como sempre, é mascarado, já que nesses dias e somente nesses, todos os postos são cobertos, pois guardas de serviço em outros portos são levados para o porto que vai ser certificado e deixam de gozar a intrajornada, justamente para que todas as deficiências de postos descobertos não sejam evidenciadas.
Segundo o Portal da Navegação, “não se ouviu mais falar nada sobre o Sindicato dos Portuários - SINDIPORTO, isto depois que o seu titular assumiu uma vaga no Conselho de Administração (CONSAD). Agora, tudo na Santa Paz. Os portuários, associados do SINDIPORTO, pelo que se observa já estão com saudades da diretoria anterior, com justíssima razão. Agora, sorri Carlos Rocha”.
fonte:segurancaportuariaemfoco.com.br